top of page
Foto do escritorSérgio Fiorini

Maze: enquanto a gente não tiver um resultado internacional, eu não fico satisfeito

Técnico da FURIA Trainee conversa em exclusividade com o Correspondente Esportivo e aborda assuntos como a situação do NA com Academy, processos, FURIA e torcida.


Começo do papo: e o NA, hein?!

Todo papo tem um ponto de partida, e depois nos deixamos levar pela magia do papo e tudo se randomiza. Nosso "papo-guia" foi a situação do NA, em que as organizações votaram de forma unânime pela não obrigação de manter suas lines Academy. O que o Maze acha disso? É engraçado que este movimento no NA ele me chama atenção, porque pra mim o impacto que isso traz não vai ser tão visível pra eles. Afinal, é uma região que tem importado muitos jogadores de fora. Inclusive saíram notícias que eles já estão entrando com mais jogadores , por conta do sistema de quanto mais tempo o import ficar, ele pode se naturalizar.


"É engraçado, este movimento do NA me chama atenção, porque pra mim o impacto que isso traz não vai ser tão visível pra eles. Afinal, é uma região que tem importado muitos jogadores de fora. Inclusive o número de imports que vem se naturalizando é grande, o que atrai ainda mais o movimento. Porém isso em visualização e para deixar o cenário saudável, ao meu ver, aos poucos eles estão perdendo mais a identidade. É uma região em que muitos jogadores estão indo pra se aposentar e não indo com o intuito de vencer, na minha opinião, internacionalmente falando."

Conta o técnico e continua:

"Muitos lugares do mundo já tem entendido que a faixa etária para você vencer, não é uma faixa etária que gira em torno dos medalhões.Um exemplo é a T1: existe um jogador como base e outros quatro rookies."

O papo segue adiante: o Academy vem sendo efetivo?

Eu sei, parece bobo perguntar isso. Só que dentro das reivindicações das organizações, eles batem na tecla de que o Academy não é o caminho mais eficaz para "moldar um atleta", pelo menos pra eles, então perguntei se pra gente parecia ser.

"Alguns anos atrás, quando entramos na franquia, algo que me incomodava era o fato de termos uma baixa pool de jogadores. E foi algo que mudou bem rápido - com o Academy/Trainee - me surpreendeu até. Muita gente achava que iria mudar, eventualmente", conta o técnico e continua:
"Há cinco ou quatro anos já tinham discussões de que se não tivesse um campeonato oficial (de T2/T3), o cenário não ia expandir. E o Brasil sempre foi muito nichado, sempre com os mesmos jogadores. E o que me chama atenção agora com o Academy, ele tem possibilitado que a gente construísse projetos a longo prazo, o que torna o cenário muito mais saudável."
"Uma inversão da situação do NA".

"Nós já estamos vencendo eles".

Maze também diz pensar que existiram "N" fatores nas decisões do NA, como uma necessidade de reduzir custos, afinal em suas palavras: "investir em base não é barato".


Se é pra dizer, temos que falar: um dos (famosos) problemas do cenário

Claro, que como todo assunto, a coisa vem e vai. E caímos no bom e velho - Problemas do cenário - e dessa vez o Maze ressaltou algo dito pelo Jaime, CEO da FURIA, em entrevista ao Mais Sports. Na ocasião, o gestor diz sobre a mentalidade dos players de só querer ganhar o CBLOL ser um grande impeditivo de evolução. Maze foi além, bem além, confira:


Voltando (?) ao papo de NA, e sobre desenvolvimento:

Segundo a fala do general-manager da Team Liquid, uma das grandes frustrações quanto ao processo de Academy é o talento não "desabrochar" em dois splits, isto é, um ano. Tendo um desenvolvedor de jovens talentos, claro que perguntar se esta "régua" faz sentido ou não é uma obrigação. E segundo Maze, o pensamento dele faz sentido. Nessa hora eu confesso ter ficado com a cabeça cheia de pontos de interrogação, e é aí que ele continua: "na visão do cargo dele, faz sentido". A partir disso, ele nos convida a uma reflexão: e se eu pensar nos ganhos que esta aposta pode me trazer daqui a 5 ou 6 anos?

"O exemplo você enxerga no próprio esporte tradicional, em que os atletas são formados desde muito cedo. E é muito superficial você pensar que só dando uma estrutura de ponta, em um ano, esse cara vai virar uma estrela. Somos seres-humanos, não uma receita de bolo como o Strix falou."

Vale ressaltar que esta citação ocorre porque esta entrevista foi junto com a entrevista/anúncio, que rolou de forma exclusiva pelo Correspondente Esportivo e você pode conferir aqui.

"Claro, tem certas pessoas que tem um talento. Mas você construir hábitos num profissional demanda tempo, muita repetição. E também existe o trabalho de se desfazer dos hábitos ruins e construir novos".

De curioso pergunto: você pode me dar um exemplo de hábito ruim?


Reflexão em conversação

Outra vez, uma surpresa no exemplo. Ele começa dizendo que existe uma discordância do pensamento dele, e é verdade, mas ele diz que o ambiente de soloqueue não é ruim. Ruim é você ir para a soloqueue sem objetivo, segundo o técnico, e ele continua dizendo que a grande maioria dos jogadores vem com um objetivo de querer a vitória ou aumentar os pontos.


"Você primeiro tem que querer aprender, depois pensa no resultado. Esse é o interessante da solo queue: ele te força a viver situações que dentro do ambiente coordenado você não teria que lidar. Isso provoca inúmeras situações."

Nas palavras do homem, em carne, osso e vídeo:

E ele encerra com as exatas palavras: "Ainda é preciso corrigir rotina, sono, e alimentação. Em um ano, reajustar tudo isso? Pelo amor de Deus.", papo encerrado e dúvida devidamente sanada.

Finalmente falando de FURIA

Pra perguntar de FURIA, não deixei de aproveitar o hype do Ayu pra perguntar se o ex-suporte e atual ADC era um case de sucesso do trainee? Aqui até esperava escorrer algumas gotas de ego, super normal, mas outra vez: surpresa. Um silêncio - duradouro - tomou a entrevista e, entre longas pausas, Maze começa a falar:

"Olha; É que... Eu posso ter ajudado? Posso. Ajudado a ele ter mais calma, ponderar mais as coisas, só que no fim...existem muitos fatores. Muitos fatores pra ele ser quem é", conta o técnico.

O técnico continua dizendo que Ayu é um cara que sabe escutar, por exemplo. Que ele passou por um processo bacana e...

"Eu não acho legal falar que ele é um case de sucesso nosso. Não é algo feito só por nós. É uma grande soma, e os dois precisam estar dispostos. O cara é brilhante. Fora de série. Entende? Não foi "a gente".

Foto: Reprodução/CBLOL Flickr


FURIA Academy

Foto: Reprodução/CBLOL Flickr

Como simpatizante do Academy, devo confessar que o Academy da FURIA foi uma grata surpresa e quis saber: ao que se atribui esta boa jornada da FURINHA?

"Olha, eu vejo como uma consequência de uma série de acertos, não só da minha parte, mas de todos. Um resultado de um processo bem difícil no início da FURIA, no CBLOL", conta Maze.
"Quando o projeto foi iniciado, eu era o técnico do Academy, e fui acompanhando todo o processo e como foi difícil chegar em um grupo de profissionais. Passamos por fases muito nichadas aqui, onde cada um vivia na sua bolha, mas a gente começou a dialogar mais, entre staffs e lines", complementa.
"Isso tornou a gente mais unificado, e aí sim, conseguimos observar acertos. Um exemplo é a entrada do Furyzz, que foi muito positiva, ou o Yazi que nem passou pelo processo trainee - o único deste elenco da FURIA Academy - porque a gente acreditava que era um cara que pelo seu perfil já se enquadrava no Academy. Com o direcionamento do Furyzz, ele foi melhorando. A gente tem que ter calma, pé no chão", finaliza.

Yazi, ADC da FURIA Academy/Foto: Reprodução/CBLOL Flickr


E para complementar, ainda mais:

O intercâmbio caseiro

Muito bom as staffs do CBLOL fazer bootcamp's para se adaptar a realidade de outras regiões, mas e o Academy? Consegue fazer este intercâmbio caseiro com a própria line dentro da FURIA? Segundo o Maze só não fazem, como também é vital!


"Pra mim é vital, e é o que acontece por aqui. Afinal é porta na frente (as salas das lines), quando acontece um momento de descontração eles sempre estão juntos. Não é um ambiente em que o player pensa: eu vou perder vaga pra esse cara. Isso acontecia, lá atrás, mas quanto mais temos uma tratativa profissional quanto isso, mais exercitamos, mais temos um ambiente bem colaborativo", revela o técnico.

E pra fechar: torcida


A torcida da FURIA não tem sido tão radiante nestas últimas semanas com os anúncios da organização. Na obrigação de incluir esta parcela, perguntei se isso afetava eles de alguma forma, se eles viam isto apenas como toxicidade e acho que a resposta não merece spoiler. O torcedor merece ouvir:


128 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo

1 Yorum


Gustavo Philipe
Gustavo Philipe
22 May 2023

Achei que era sobre a line de CS

Beğen
bottom of page