Uma reflexão de Giannis Antetokounmpo sobre o que é sucesso nos esportes (e na vida).
Quem?
Foto: Erik Dost/Flickr
Seria uma pergunta justa, afinal, o portal Correspondente Esportivo ainda não trata muito sobre os esportes tradicionais, então vamos te contextualizar: Giannis é um atleta da NBA, já campeão e considerado um dos melhores atletas da sua geração, e isso pode ser medido pela fato dele ter assinado o maior contrato da história da liga. E mesmo tão impactante, o jogador foi eliminado nos play-offs nessa quarta-feira (28/04), e sempre tendo que lidar com a pressão de campeão teve que responder uma das perguntas mais capciosas: "você sente que fracassou?", pergunta o jornalista Eric Nehm.
Você é promovido todo ano?
Sendo um dos melhores, em um dos melhores times, Giannis tem que literalmente viver confrontando esta pergunta. O mesmo jornalista indagou o jogador da mesma forma no ano passado, e respirando fundo e buscando não desrespeitar, Giannis começa sua fala:
Você me perguntou a EXATA mesma pergunta no último ano, ok? Você é promovido todo ano no seu trabalho? Não, certo? Então todo ano seu de trabalho é um fracasso? Sim ou não? Não. Todo ano você trabalha para um objetivo, que pode ser a promoção, cuidar da família, prover pra casa, cuidar dos seus pais...então não são fracassos, são passos para o sucesso.
Giannis pausa o embalo da reflexão e faz questão de reafirmar que não quer tornar isto um ataque pessoal, e continua:
São sempre passos, entende? Michael Jordan jogou por 15 anos, apenas 6 títulos, então foram 9 anos de fracasso? Porque é isso que você está me dizendo...eu te pergunto: sim ou não?
O jornalista concorda. E o atleta continua:
Então por que me pergunta isso? É uma pergunta errada. Não existe fracasso em esportes, existem dias bons ou ruins, alguns dias você é capaz de ter sucesso e outros não. As vezes é sua vez, outras não é. E o esporte é sobre isso, e você nem sempre vence. E neste outras pessoas vão vencer. Simples assim, a gente vai voltar ano que vem, tentando melhorar e criar melhores hábitos, jogando melhor, e na esperança de sermos campeões outra vez.
Foto: Erik Dost/Flickr
E o papo de outro dia?
Me perguntaram, e conversamos muito, sobre toxicidade, ambiente de pressão, limites e normalidades. Este pensamento é um pensamento de um competidor de alto nível, que colocou os padrões do seu esporte em um patamar completamente diferente, e é um líder, que não cativa a loucura.
Nem todos vencem. Isso não diz sobre ser bom ou não, existem outras métricas para que se avalie isso. E na maioria das vezes a toxicidade/fanatismo do esporte (e na vida real) se criam a partir de opiniões tão bélicas e resultadistas - ganhou? Então é lindo, mas perdeu? Horrível! - e sinceramente aqui podemos tirar uma ótima lição dos esportes tradicionais.
Giannis provou na sua entrevista que o ouro não está no final da jornada, os esportes eletrônicos ou tradicionais, se tratam sobre um longo processo. E por vezes alguns são mais duradouros, como por exemplo o dele mesmo e sua equipe que ficou 50 anos sem um título, e muito graças a ele voltaram a erguer uma taça. Ele pergunta de forma retórica: foram 50 anos de fracasso?
E a resposta é que não. Fez parte de um processo. A reflexão se faz necessária em qualquer ambiente de alto desempenho.
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